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A importância da monotonia alimentar

Se após ler o título do artigo, o leitor decidiu abri-lo, começo já por lhe agradecer. Reconheço que, nos dias que correm, talvez não seja muito estimulante, com toda a variabilidade alimentar e constante ansiedade pela novidade, ler um texto onde se justifica a razão pela qual a monotonia alimentar é importante. Começo por lhe dizer que em nenhum momento ao longo deste texto lhe digo que tem de comer todos os dias a mesma coisa, apenas reduzir a exposição alimentar a que se encontra sujeito, garantindo assim que a divisão de macronutrientes seja constante durante o dia.


Não podemos negar que somos um “animal” de rotinas e que temos como necessidade estabelecer hoje o que vamos fazer no dia de amanhã. O objetivo deste artigo é mostrar a importância de um padrão alimentar regular para o seu organismo, tendo em conta variáveis como a frequência e horários das refeições.

Dois estudos, realizados por Farshchi et al. (2005), avaliaram as diferenças na resposta entre um padrão alimentar regular, constituído por 6 refeições/dia com horas pré-estabelecidas, e um padrão alimentar irregular, podendo o número de refeições variar entre 3 e 9, durante 14 dias. De referir que um estudo incidiu numa população mais obesa e outro numa população normoponderal. Averiguou-se em ambos, que o grupo que aderiu a um padrão alimentar irregular apresentou uma menor sensibilidade à insulina e uma maior exposição à mesma no período pós-prandial (período que se segue a uma refeição), algo que não se verifica no padrão alimentar regular, onde a exposição à insulina é inferior, permitindo um melhor controlo do metabolismo dos hidratos de carbono. Verificou-se ainda, que o padrão alimentar irregular pode levar a um aumento da concentração de colesterol total e LDL no sangue, e estes são fatores de risco para doenças cardiovasculares. Quanto ao consumo energético, o grupo do padrão alimentar irregular apresentou uma ingestão ligeiramente superior(1,2).


Com base nas conclusões destes estudos podemos afirmar que, para melhoria da composição corporal, e ainda mais importante, para a nossa saúde cardiometabólica, devemos reduzir a nossa variabilidade alimentar. Como fazemos isto? Quando recebemos um plano alimentar, neste estão calculadas as calorias e os macronutrientes (proteína, hidratos de carbono e lípidos) que devem ser consumidos por dia, distribuídos pelas diversas refeições e na forma dos alimentos acordados em consulta. Por exemplo, tendo por base uma semana, nela devemos pôr em prática, na maioria dos dias, o plano acordado, havendo espaço para num dia substituir alguma refeição por algo que lhe apeteça no momento. Qualquer que seja o objetivo que pretende atingir, existe sempre lugar para os alimentos ou refeições que mais gosta.


1. Farshchi HR, Taylor MA, Macdonald IA. Beneficial metabolic effects of regular meal frequency on dietary thermogenesis, insulin sensitivity, and fasting lipid profiles in healthy obese women. Am J Clin Nutr. 2005;81(1):16–24.

2. Farshchi HR, Taylor MA, MacDonald IA. Regular meal frequency creates more appropriate insulin sensitivity and lipid profiles compared with irregular meal frequency in healthy lean women. Eur J Clin Nutr. 2004;58(7):1071–7.


Por: André Carvalhinho: Nutricionista do clube de saúde Krush it by Kalorias, membro efetivo da Ordem dos nutricionistas nº4562N

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